O fim da vida social e a abertura de velhos debates
Como a pandemia fez o mundo parar para refletir as próprias posturas
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Geralmente,
não abordo neste blog assuntos sobre atualidades que não estejam relacionados à
moda ou música. Mas é fato que o mundo parou em 2020, e de todos os nossos
piores pesadelos, acredito que ninguém imaginou que uma pandemia deixaria todos
em casa usando máscaras para se proteger de um vírus que ainda ninguém
descobriu a cura. Por outro lado, paralelos a isso, existem outros assuntos
superimportantes e que vêm revezando pautas com a Covid-19: racismo e feminismo.
O mundo vive
em constante transformação e, pelo que parece, 2020 é o ano de pararmos para refletir
nossos pensamentos. A gente desenvolve certos hábitos que não questionamos por
que falamos, por que pensamos ou por que agimos de tal maneira.
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Foto de Life Matters no Pexels |
Enquanto um
vírus ameaça a vida de milhares de pessoas em todo o mundo, uma onda de
manifestações surge nos Estados Unidos. O estopim de todo o movimento veio após
a morte de George Floyd, um homem preto que foi morto por um policial em
Minneapolis depois que um agente o imobilizou no chão, com os joelhos em seu
pescoço, deixando-o sem respirar.
Desde esse
episódio, vários movimentos antirracistas foram para as ruas pedir justiça e
expressar desprezo às atitudes e abordagens semelhantes dos policiais a pessoas
pretas. O assunto ganhou força e pessoas do mundo inteiro demonstraram
solidariedade ao cidadão morto e repúdio a atitudes tão agressivas de alguns
policiais no país.
Após os fatos,
chegamos a um contexto em que a voz do preto está ganhando evidência. E mesmo
que isso seja passageiro, essa é a oportunidade de abrir o jogo, mostrar os
pontos e hábitos racistas enraizadas que muitos de nós carregamos. A questão
não é apenas dizer “eu não sou racista e inclusive tenho amigos pretos”, mas se
mostrar aberto e acabar com dizeres e frases que antes eram utilizadas para
inferiorizar quem era preto. Propor-se a ouvir, a rever pensamentos, pedir desculpas
e não menosprezar dizendo que tudo isso não passa de “mimimi”.
Uma vez ouvi
de alguém, mas acredito que possa ser uma frase famosa “nenhum direito foi
conquistado pedindo ‘por favorzinho’, sempre foi com muita luta”. Isso é uma
realidade, e talvez de tanto expressar e pedir por direitos, já não esteja
sendo o bastante. O processo, a prisão, parece piada nas costas do opressor.
Por que aconteceu a revolta de tanta gente a ponto de atear fogo em uma delegacia? Já não dá mais
para engolir e ver tudo acontecer como se fosse normal.
Entretanto,
gostaria de deixar a reflexão de algo que li esses dias na Vogue Brasil (da
qual Gisele Bündchen foi capa – emoji apaixonado), que foi o comentário
bastante interessante feito pelo estilista Ronaldo Fraga em um debate sobre o
mercado de consumo e a pandemia. “Acho que, com a dor, se chega a um mundo
novo. Muitas posturas já não cabem mais. E, se antes eram discutidas por uma
bolha, vão tomar cada vez mais corpo”, disse ele.
Movimentos históricos
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Foto de Ipanemah Corella no Pexels |
A sociedade
mudou bastante graças a grandes movimentos que se espalharam pelo mundo todo.
Como exemplo podemos citar o feminismo, que teve um dos seus auges na década de
1960, e nos últimos anos vem crescendo novamente. Eu sei que é tão clichê dizer
isso, mas já pararam pra pensar que uma mulher não poderia ser chefe de uma
empresa apenas pelo fato de ser mulher? E por mais eficiente que fossem as suas
posturas, não os convenceriam. Não tínhamos voz! E ainda hoje muitos querem nos
calar.
Sabe de uma
coisa que eu tenho ódio mortal? Aquela famosa frase dita por eles: “MuLhEr PoDe
FaZeR o QuE QuIsEr”. Eu paro o diálogo e fico em silêncio por uns três minutos
tentando absorver a falsidade. Pelo amor de Deus, não basta dizer da boca pra
fora essa frase, apenas para se demonstrar uma pessoa desconstruída. É preciso
se colocar no lugar do outro (que muitas vezes ainda não é o suficiente),
proteger nossos direitos, parar de sempre acusar a mulher como a imoral, querer
o melhor e não esperar que ela sempre te sirva com um prato na mão e uma casa
limpa.
Sempre gostei
de séries ou filmes com mulheres fortes, ou que eram as mais relevantes em uma
produção artística. Uma das atrizes por quem sou apaixonada (neste momento os
meus amigos mais próximos já sabem quem é. Eu sou muito transparente. Risos) é
a Audrey Hepburn, que faz a princesa Ann em Roman
Holiday (1953), “A Princesa e o Plebeu” na tradução para o português. Em
uma das cenas neste filme Ann, apaixonada pelo jornalista, Joe, se declara
dizendo que tinha o sonho de casar e “cuidar do marido”. Essa é a parte em que
eu perco tudo, mas é por aí que a gente vê como tudo era antes e como as
narrativas mudam até mesmo no cinema.
O engraçado é
que cerca de dez anos antes desse filme, acontecia a Segunda Guerra Mundial e,
enquanto os homens tentavam sobreviver nas trincheiras e combater seus rivais
na linha de frente, as mulheres tiveram que trabalhar e fazer muitas atividades
que eram designadas apenas para eles. Por outro lado, quando a guerra acabava,
elas eram postas, novamente, como donas de casa. Desse modo, mesmo com todas as
capacidades, no fim eram vistas como sexo frágil.
Alguns anos
depois do fim da Segunda Guerra Mundial, as mobilizações feministas pegaram
fôlego. Quando os movimentos tomam força e visibilidade, o lado opressor se vê,
muitas das vezes, encurralado e acaba cedendo de alguma forma, mesmo que seja
para se autopromover. Sim, essa é a parte em que o capitalismo entra (ele tem
sempre essa característica).
Antes de
terminar esse subtítulo, gostaria de deixar um parêntese aqui com vocês, eu não
me considero feminista, e quando eu falo isso, não é para desprezar o
movimento, muito pelo contrário, respeito muito e agradeço bastante por todas
que lutaram pelos direitos das mulheres. É que pra mim isso é mais do que
apenas dizer que é, vejo muita gente se autointitulando feminista apenas para
se promover. E mais uma vez venho citar uma frase que li na Vogue Brasil
(setembro 2018), criada pela estilista Miuccia Prada: “Agora que o feminismo é
uma tendência, prefiro não falar sobre isso. Porque muita gente se faz de
feminista só pelo slogan, e eu sou totalmente contra slogans”.
Deste modo, não estou “jogando pedra” em quem
“se faz”, mas é nosso dever cobrar e nos unirmos, pois a necessidade é de todas.
Logo, surge uma palavra que, por um acaso bastante legal (risos), começou a ser
muito pesquisada: sororidade, que é a irmandade entre as mulheres. É ser
defensora delas, imaginando que poderia passar pelo que a outra estaria
passando.
---- parte bônus do álbum
deluxe-------
A
gente sabe que é errado e dá palco por quê?
Eu
tenho uma estratégia pra responder certas abordagens de pessoas ignorantes: sempre
que essas pessoas falam algo que eu não acho conveniente, eu simplesmente não
respondo, eu fico em silêncio, eu olho para ela sem esboçar qualquer aparência
de desaprovação ou aceitação. É simples! É como se o que ela disse tenha
voltado pra ela mesma e ela que lide com o próprio comentário.
--------demo ---------
O fim é apenas o começo
Uma postura que eu gosto de manter: sempre que
surge algo que as pessoas estranham logo de cara, eu penso que eu não deveria
pensar igual. São pensamentos que vêm no automático. E tudo que vem pelo
automático não tem sentido. É apenas a nossa mente trabalhando em algo sem
interpretação, e que talvez nem esteja relacionado à nossa postura ou com o que
acreditamos. Às vezes é bom pensar fora da casinha.
Agora paro
para perceber o quanto escrevi neste texto que saiu de forma espontânea e
natural. Que bom! Talvez as palavras estivessem engasgadas aqui dentro, porém,
acho mais provável o fato de serem assuntos que me interessam e que eu defendo
e muitas vezes esqueço que tenho essa capacidade de produzir texto.
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